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terça-feira, 19 de abril de 2011

Raízes

Outro dia, na volta para casa, mudei um pouco de rota e passei mais cedo por uma região do meu bairro que me trouxe muitas recordações. Olhava para aquelas ruas e aqueles prédios com um ar nostálgico. Cada lugar me transportava para uma época da vida e me peguei relembrando momentos guardados há muito tempo.

O estopim de tudo foi a feira. Assim que o ônibus passou perto da rua onde acontecia a feira, senti aquele cheiro de pastel e lembrei na hora das muitas vezes que mamãe queria ir na feira depois de me buscar na escola (era pertinho) e o quanto eu detestava o calor de 12h daquele lugar. Só tinha um jeito de me fazer topar a ida. Tinha que rolar um pastel com caldo de cana. Aí eu topava! (rs) E, se conseguisse convencê-la (eram poucas vezes, mas eu sempre tentava), ainda voltava para casa com um saco de tubinhos de Waffle. Nossa! Isso sim compensava o calorão. E o caldo de cana, é claro! Servido naqueles copinhos de alumínio forrados com um tipo de cone de papel. Alguém lembra disso?

Continuando o caminho passei pela Policlínica Todos os Santos. Lugar onde fui muitas, mas muitas, vezes mesmo. Toda hora eu aparecia por lá. Podia ser uma crise de garganta ou um corte na mão, o primeiro atendimento era sempre lá. E, na época, nem tinha hora. Às vezes, aparecia em plena madrugada (naquele tempo faziam plantão). Todas as enfermeiras me conheciam e o legal é que, ainda hoje, perguntam por mim.

Mais adiante vi a Padaria. Também fazia parte da rota colégio-casa. Era o point do Pão Doce e do Sonho (sempre de doce de leite). Deu vontade de sair do ônibus só p/ ver se ainda vendem e se o sabor continua o mesmo.

Ao lado da Padaria vi a banca de jornal onde eu sempre comprava figurinhas, albuns e gibis (da Turma da Mônica, claro!). Era uma guerra entre eu e mamãe, porque se dependesse de mim era capaz de comprar a banca inteira. rsrs

Olhando para outra rua lembrei da loja de animais. Ela surgiu quando eu já era mais velha e já voltava para casa sozinha. SEMPRE passava por lá. Era essencial dar um pulinho e ver os cachorrinhos. Brincava com os filhotes e sonhava com o dia em que teria o meu. Era um sonho que eu alimentava achando que nunca se realizaria. E não é que se realizou? Agora tenho 3 ferinhas liiindas em casa. Também gostava de ver os peixes e os passarinhos. Se bobeasse ficava lá a tarde inteira. Bom é que mamãe já sabia que quando demorava um pouco era porque estava com os bichinhos. Nessa época pensei em ser veterinária, bióloga ou algo do tipo (desisti quando soube que seria preciso estudar os cadáveres dos bichinhos que eu gostava tanto).

Cheguei ao meu destino com o coração repleto de lembranças e a sensação de que deveria caminhar mais por aquelas ruas, sentir mais aquele lugar, relembrar mais momentos e criar outros. Fiquei pensando em como será retornar, caso um dia eu me mude. Fiquei com um gostinho de saudade...

4 comentários:

Ricardo Franco disse...

Sê, mesmo com o dia cheio de tarefas e a cabeça repleta de problemas, concedi-me uma pausa e vim ler seu texto. Que delícia... Não conheço os seus lugares, mas eles não diferem dos meus. Porque tudo se resume a recordações. E, de dentro do seu ônibus, viajei também pelos meus lugares. E me lembrei do dia em que consultei o "street view" e encontrei minha Belo Horizonte, a casa onde fui criado, o lugar onde existiu a minha escola... Apesar de, após 30 anos, tudo estar diferente, pude ver em cada pedaço de asfalto, a rua esburacada onde eu brincava na enxurrada; sob o conjunto de prédios, o campinho de futebol onde soltávamos papagaio (pipa), caçávamos tanajura etc (o que menos havia no campinho era futebol... rss). Então, quase chorando de tanta emoção, telefonei pra mamãe e pudemos reviver tanta coisa...
E viajar no seu ônibus, foi igualmente gostoso: Cada coisa que você apontava, eu me imaginava apontando as minhas referências...

anaenne disse...

querida, parei aq neste feriadão e viajei no espaço/tempo com vc. Amei o post! E o blog tb! Vou visitar sempre.

bjos grandes, Ana

. carolina . disse...

Nossa, essas recordações são tão gostosas! Apesar de muitas vezes serem singelas, simples, elas nos lembram de que vivemos.

Minha avó diz que quando ficamos mais velhas lembramos ainda de mais coisas! Olha, que delícia? rsrs.

Beijos!

Sobre professores e cães disse...

Nossa Sel, essa memória afetiva dos lugares onde moramos é tão boa, faz carinho na alma, faz relembrar os tempos sem preocupação... Amei seu Blog "intimista".
Beijins!

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