Páginas

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Tempestade


Era uma vez... Um final de semana repleto de mudanças climáticas. Não apenas na cidade de todos, mas também numa certa cidade interior.

Tudo começou com uma garoa tranquila que caiu sobre a terra no começo do sábado, mas não fez grande efeito no primeiro momento. A terra estava seca o bastante para dificultar a penetração da água. Mesmo assim, molhou. Foi o começo. Aos poucos a chuva engrossou e a água foi irrigando a terra. Sopraram ventos impetuosos que trouxeram frescor. Um frescor repleto de expectativas, sonhos e desafios. No final do dia, a terra estava tão molhada que, até onde não se esperava, era capaz de encontrar nutrientes.

As gotas caídas reverberavam ao som de "E eu vi que eu podia mais do que eu sabia. Eu vi a vida se abrir pra mim quando eu disse sim", elas golpeavam e revolviam a terra com "Sempre. Eu me disfarço, sempre. E não me encontro. Nem sei qual a cor da dor de ser mais um rosto que mente", mas também eram alertas para "Ser livre pra mostrar que o céu é logo ali. Ser livre, ser o que sonhou".


No domingo veio mais chuva. Agora com gotas suaves e determinadas, recheadas de outras notas musicais. Chuva branda, que refresca sem causar dano. Como aquelas de verão que fazem a gente correr para fora e deixar os pingos tocarem o rosto. E o dia terminou com uma brisa leve de reflexões plantadas no encontro mais belo, sublime e profundo.

Na segunda-feira todas as chuvas e ventos se reuniram e deram início a uma grande tempestade. A terra sentia falta das gotas que tinha recebido nos dias anteriores. Os ventos tiraram tudo do lugar com força. A água, agora, vinha pesada e veloz. Se espalhava por todos os lados. Sem dó. Foi o caos! A terra sentiu muito.


Mas, algumas vezes, é preciso passar pelo caos para depois chegar à ordem. Ainda que seja difícil e tempestuoso, quando tudo sai do lugar surge a necessidade rearrumar e a oportunidade de dar novos lugares a coisas antigas e lugares antigos a coisas novas. Tudo pode ser revisto e reajustado. Assim a terra sentirá melhor a brisa e as gotas suaves que estão por vir.

E além do mais, os raios de sol continuam lá, ainda que por trás das nuvens. Sempre lá! Tocando a terra, até quando não se pode ver, e iluminando-a delicadamente.




Bem, que venha mais chuva!