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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Como pude esquecer da providência divina?




Hoje me dei conta de que quase esqueci da providência divina.

Ganhei uma carona e durante o trajeto tive uma conversa que, embora parecesse simples, me levou a refletir um bocado...

Ontem eu deixei de viver um encontro legal com o pessoal de Niterói. Eles tinham marcado um Luau "Esquenta JMJ" para dar um gás na galera e já ir preparando para 2013. Eu estava louca para participar! Era para ter acontecido na semana passada, mas rolou ontem por causa da chuva. Quando soube do adiamento fiquei toda contente porque, desta forma, eu poderia ir. E pude! Mas não fui. Fiquei com medinho, preocupada sobre como voltar para casa, pensando que ia voltar sozinha...

Nesta carona de hoje soube que teria, sim, formas de voltar. Pessoas para voltar junto, carona etc e tal. Soube que "o pessoal que tem carro sempre leva, já pensando em dar carona". Tinha esquecido da caridade. Andei vivendo tanto sem experimentá-la em alguns ambientes, que esqueci que ela existia. Caridade do tipo que eu mesma faço e que, infelizmente, por vezes, também deixo de fazer. Esqueci que já vivi num tempo em que eu confiava cegamente que Deus ia me ajudar a voltar para casa, não importava onde eu fosse, porque era por Ele que eu ia. Ah! As "missões" com o Terço da Misericórdia da Rádio Catedral... Eram assim! Eu ainda nem trabalhava lá, mas ia sempre, como voluntária. Já me sentia parte da equipe e sabia como funcionavam as coisas.

Tinha vezes que era o Terço e outras que eram eventos nos quais a Rádio ia fazer divulgação. Muitas vezes eu saí de casa sem nem saber direito onde era o local. Tentava descobrir como chegar e simplesmente ia. Sozinha! Quando minha mãe perguntava como eu ia voltar, a resposta geralmente era: "Não sei! Quando chegar a hora eu vejo. Deus dá um jeito. Ele providencia."

E foi assim todas as vezes! Sempre consegui voltar sã e salva para casa. Em geral, de carona com o pessoal da Rádio ou com alguém que também ia para a mesma região. De um jeito ou de outro, Deus nunca me deixou na mão. Depois da primeira ou segunda vez, passei a ir sem medo. Já saía de casa na certeza de que Ele me ajudaria a voltar. Eu até ia prevenida para chamar um táxi ou pedir socorro ao meu pai, mas simplesmente não era necessário.

Pena que esse tempo passou, eu vivi outras realidades e acabei esquecendo como era, esqueci da providência divina. Outro dia me dei conta que nem o Terço da Providência, que eu gostava tanto, tenho rezado mais. Ainda bem que Deus sempre está por perto e tem um jeitinho todo dEle de nos revelar seu amor. Como sempre, na simplicidade, nas pequenas coisas. Foi o que aconteceu hoje. Me arrependi muito de não ter me lançado, simplesmente encarado o medo e ido para o Luau. Mas penso também que talvez, se eu fosse, Deus podia agir, providenciar meu retorno e eu nem perceber Sua ação. Apesar do meu "erro", algo de bom pôde ser extraído, Ele me levou a refletir, pensar na providência.

Só espero agora, manter o firme propósito de não voltar a esquecer novamente.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Silenciar para poder ouvir

No dia 22 de janeiro de 2012 redigi o texto abaixo. Comecei pensando em postar aqui no meu cantinho internético, mas depois achei que não era o caso, que talvez fosse algo muito íntimo para publicar na rede. Mandei para dois amigos muuuuito especiais e um me disse que na sua opinião eu deveria publicar. Pensei... Pensei... Pensei... e decidi dividir esta experiência com vocês. Então... Lá vai!

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Vocês que me conhecem... Conseguem imaginar esta pessoa sem poder falar por 2 dias seguidos?

Não! Não foi dor de garganta, nem protesto ou coisa assim. Nos dias 06, 07 e 08 de janeiro participei de um retiro. Até aí tudo bem! Retiro é algo que volta e meia muita gente faz. Agora, retiro de silêncio, já é uma coisa menos comum. E assim foi o retiro que participei. Um retiro vocacional organizado pelo CAOV (Arquidiocese de Niterói). Foram dois dias olhando para dentro, calando o interior para tentar ouvir a voz de Deus dentro em mim. Pensam que é fácil? Não! Definitivamente, não! Vivemos num mundo agitado e barulhento demais. Ouvimos tudo, menos os sussurros divinos. E, como Deus é manso, dá para imaginar o tanto que Ele deve falar sem que a gente note, não é?

Por isso o retiro foi tão importante para mim. Já estava mais do que na hora de aprender a refletir, meditar, aquietar... Faltava inclusive reaprender a rezar, conversar com Deus de verdade, no íntimo do meu ser. Muita coisa mudou de lá para cá. Não foram mudanças radicais no sentido mais comum da palavra. Posso dizer que se trata de uma radicalidade interna, mudança que começa dentro de mim e, aos poucos, vai se externando em atitudes, comportamento e palavras. Minha rotina pessoal foi diretamente afetada por estas mudanças, algumas coisas simples ficaram muito difíceis e outras que pareciam difíceis ficaram simples. Estas últimas semanas foram especiais! Passei a participar da missa diariamente, com comunhão diária. Tão bom receber Jesus todos os dias!!! Queria que continuasse assim! Infelizmente é provável que não continue exatamente como tem sido, porque estava vivendo estes momentos em Niterói que tem uma Igreja pertinho lá de casa. No Rio é mais difícil e devo ficar lá esta semana toda. Mas ainda assim, farei de tudo para manter ao máximo essa intimidade que tenho cultivado com Deus através das orações. Tenho tentado manter uma rotina mais orante, com a Liturgia das Horas todos os dias.

Quando penso em quantas pessoas perdem essa oportunidade de se aproximar mais de Deus... Muitos não sabem como faz bem! Vivemos um tempo em que anular-se é erro. As pessoas querem estar em destaque, querem ser importantes, querem que o mundo exista para elas. No momento em que deixamos o amor falar, calamos o nosso querer, deixamos de lado todas essas coisas, vemos que imensa alegria invade a alma. É sério! Libertar-se da necessidade de ser mais e deixar Deus ser Deus é a melhor experiência que alguém pode fazer.

Queria que o mundo inteiro pudesse experimentar a presença viva e verdadeira de Deus, que mesmo diante das minhas fraquezas tem se mantido incansável em me revelar Seu imenso amor. São tantas as obras maravilhosas que faz com suas mãos, tantas graças que derrama sobre nós!

O retiro não me trouxe nenhuma resposta exata sobre a minha vocação, também não me preocupo com isso, pois aprendi lá que o discernimento é um processo, que não é assim como num passe de mágicas. Por outro lado, me deu indicações que, ao menos por hora, me são suficientes. Ainda não sei exatamente quais são os planos de Deus para mim, mas tenho certeza de que são os melhores e que estou disposta a descobri-los para tentar executá-los, sabendo sempre que Ele vai me conduzir a cada passo, eu só preciso deixar!