Páginas

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Era uma vez...

A história que conto hoje é cheia de sorrisos e olhares sinceros, bem querer e cuidado, presenças e pertenças.

Havia, em algum lugar, um céu estrelado. E, entre as estrelas, brilhava uma lua. Às vezes era redonda, grande, luminosa. Outras vezes minguava tanto que mal se podia ver.

Numa noite de céu claro, quando a lua menos esperava, veio ao seu encontro uma águia.


Ela voava livre pelos céus e se tornou amiga da lua. As duas não se cansavam de conversar e passavam noites inteiras fazendo companhia uma para a outra. Enquanto estavam distantes, a lua girando em torno da Terra e a águia sobrevoando as águas e montanhas, contavam os segundos para se reencontrarem e falarem sobre tudo que tinham visto quando não estavam juntas.


Sem se saber muito bem como, numa ocasião, as amigas conversavam alegres quando, discretamente, aproximou-se uma delicada borboleta. Ambas ficaram encantadas ao verem suas coloridas asas tão de perto. Não demorou muito para começarem a conversar com ela. E as noites continuaram a ser tomadas por encontros repletos de saudade, alegria e muitas histórias. Mas agora eram as três amigas que se reuniam nesses momentos festivos.


Quando a lua estava minguante e quase sem brilho, a águia e a borboleta não a abandonavam. Pelo contrário, permaneciam com ela até que ficasse nova e luminosa.


Quando a águia se cansava de voar era a vez da lua e da borboleta estimularem a amiga. Elas falavam do prazer de cortar os céus, mesmo sem saberem como era a sensação. Porque sabiam como a águia gostava daquilo, de tanto que falava.


E se a borboleta se sentisse pequena e frágil, a lua se unia à águia para mostrar como ela era forte e determinada, como suas cores eram belas e quão encantadora era sua leveza.


Os dias se passavam alegres a cada encontro. E viu-se na Terra que as pessoas se preparavam para alguma festa. Estavam todos felizes e animados. A lua ouviu dizer que era um tal de Carnaval e que as pessoas se divertiam muito nesses dias. Soube também que elas viajavam para lugares diferentes e propôs o mesmo a suas amigas.


Decidiram que o destino seria um lugar de praia e foram. A lua já conhecia o mar. Passava sempre por lá, levando a noite. Mas a águia e a borboleta nunca tinham deixado a região onde viviam, sempre viveram entre as montanhas e os lagos.


As três passaram dias memoráveis naquela paisagem. A águia ficou encantada com a brisa marinha e o bater das ondas. A borboleta nunca tinha visto areia tão clara e matizes tão diferentes de azul e verde. Respirava-se um frescor único.


Cada noite foi ainda mais especial do que todas as outras. Elas conversaram sobre seus sonhos, desejos, dificuldades, medos e tudo mais que pudesse se tornar assunto. Se ajudavam muito o tempo todo, pois cada uma tinha um olhar diferente e experiências distintas, que proporcionavam formas novas de ver as coisas, de encontrar soluções para os problemas, ou mesmo de achar graça onde a outra não conseguia.


A lua pairava clara no céu e se divertia com suas amigas, quando viram uma pessoa aproximar-se da costa. Era um homem. Prestaram atenção e perceberam que havia uma coroa em sua cabeça. Seria um príncipe? Talvez um rei? Continuaram a olhar. Estava um tanto entristecido. Parecia solitário.

Depois de muito debaterem decidiram ir até ele. Descobriram que era um rei e que estava destinado a reinar solitário para sempre. Ele falou das responsabilidades do seu reinado, de como algumas coisas eram difíceis e do desafio de seu dever não ter fim.


Ali nasceu mais uma vez a semente da amizade. O rei deixou de ser só. Ainda que reinasse sozinho, e embora tenha precisado voltar para o seu palácio, sabia que, ao olhar para o céu, veria sua amiga lua. De vez em quando, a águia voava até a janela da biblioteca do palácio e o rei deixava de se sentir só. A borboleta passava temporadas inteiras no enorme jardim que embelezava o entorno daquela linda construção medieval, fazendo companhia ao rei sempre que ele quisesse se distrair com as cores e aromas das flores. E, de vez em quando, todos viajavam juntos para onde a lua avisasse que ficaria mais redonda e iluminada.


Juntos eles viram eclipses, noites de céu estrelado, luzes refletidas em lagos e mares. Os quatro bons amigos provaram ao mundo que as sementes plantadas com amor frutificam em abundância, que quem tem amigos nunca está só e que não importam as distâncias nem as diferenças.


Se abrimos o coração vemos como podemos ir muito além do que jamais imaginamos. Chegar até a lua, voar como uma águia, ter a beleza da borboleta e reinar em nossas vidas como verdadeiros reis. Vale o esforço!