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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A Rosa e a Virgem

Era uma manhã de quinta-feira. Uma linda manhã ensolarada. Rosa abriu os olhos. Em seu interior uma paz maior que tudo.

Ela se levantou. Sentia-se tão bem. Seu corpo parecia jovem e forte. Olhou para os pés e qual não foi sua surpresa? Alí estava o dedinho que há muito não existia mais. As várias cicatrizes nas pernas tinham desaparecido. Todas as dores simplesmente se foram. Nunca havia se sentido tão lúcida e tão capaz.

Olhou em volta. Sob seus pés, e por todo o espaço, podia ver uma relva verde e ainda úmida de sereno. Sentia um certo frescor só de olhar. Árvores frondosas projetavam sombra. Virou para a esquerda e ficou encantada com o riacho que corria por entre as pedras. Uma água cristalina deslisava formando pequenas cascatinhas.

No céu, nuvens brancas pareciam pinceladas que compunham uma bela imagem com o azul. O sol morno não chegava nem perto do grande calor com o qual teve que conviver por muito tempo e uma brisa suave e fresca completava a temperatura que também era muito mais amena que o frio gélido do local onde se encontrava nos últimos dias.

Depois de analisar todo o ambiente observou que uma figura alva vinha se aproximando. Caminhava lentamente em sua direção, com os pés descalços como ela. Era uma linda jovem que vestia branco e parecia resplandecer luz. Seus olhos a viam aproximar-se e quanto mais perto estavam uma da outra mais certeza ela tinha sobre quem seria aquela pessoa. Seu coração estremeceu. Não sabia ao certo como agir diante dela. Sua beleza era tamanha e a doçura em seu olhar delicado deixaram Rosa completamente sem ação. Só conseguia contemplar seu rosto e desejar que aquele momento nunca tivesse fim.

A jovem chegou mais perto, estendeu a mão e disse: "Seja bem-vinda, Rosa! Estávamos a sua espera. Vou te levar até meu Filho".

E as duas seguiram caminhando juntas e conversando como grandes amigas.


Este texto é uma homenagem que faço para minha avó Rosa que deixou esta vida no dia 27/01/2011, aos 88 anos. A vó que cuidou de mim e que eu ajudei mamãe a cuidar quando foi preciso. Que me ensinou muito. Que tinha um gênio forte como ela só. Que era controladora e carinhosa ao mesmo tempo. Que ultimamente, com o desgaste da idade, tinha como marca registrada receber e despedir com beijinhos. Que esteve e continuará para sempre no meu coração.

É como eu imagino que tudo aconteceu. É no que eu acredito. É o que minha fé me ensina.


"Não morro, entro na vida."
(Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face)