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domingo, 19 de setembro de 2010

Decisões musicais

Enfim, abandonei a preguiça, resolvi colocar os dedinhos para trabalhar e aqui estou. hehe

É que desde sexta tenho umas idéias para partilhar com vocês e não estava com ânimo para vir digitar. Mas chegou o momento e aqui estou eu.

Sexta-feira foi um dia diferente, cansativo e, no fim das contas, muito válido. Depois de fazer uma importante inscrição, fui para o Centro do Rio (Ah! O Centro! Sempre o Centro. rs). Precisava procurar uma peça para material lá do trabalho e, por conta disso, entrei em váááárias lojas de equipamentos de som (Quase uma missão impossível, porque aquele negócio não é vendido em lugar nenhum). Bem... depois de visitar milhões de lojas, meu saldo foi... 2. Sim! Apenas duas tinham a tal da peça.

Visitar tantas lojas desse tipo foi algo que mexeu muito comigo... Equipamentos de som, instrumentos musicais, música, música, música... Uma paixão de longa data que sempre fica guardada em um canto do meu coração, quietinha lá, esperando que eu dê a ela espaço para se desenvolver. E eu? Bem, eu sempre freio, adio, escondo. Mas sabem quando chega aquele dia que você resolve tomar decisões do tipo "mudança de vida"? Eu estava assim. Pensei em um monte de coisas que quero, preciso e vou mudar na minha vida. Me decidi pela felicidade, por me deixar ser mais livre, mais feliz... e para isso preciso mudar algumas coisas que vou tratar de resolver o quanto antes.

Uma delas eu já começei a resolver na sexta-feira mesmo. Fiz uma compra que venho adiando há mais de 10 anos. Já planejei, desisti, planejei de novo, abandonei... Só que agora decidi de vez! Comprei uma estante para meu teclado. Bobeira, né? Coisinha mais banal, não? Pode parecer. Mas, para mim, significa muito.

Teve uma época na minha vida (lá pelos 13 ou 14 anos, acho) que eu era doida por piano e teclado, queria muito ter um e aprender a tocar. Um dia, no meu anivarsário, acordei com um pacote, quase do meu tamanho, ao meu lado na cama. Era um teclado Cassio de 4 oitavas que meu pai me dava de presente. Imaginam a minha alegria. Nossa! Como eu sonhava com aquilo. Achava que era só abrir e meus dedos saberiam o que fazer. É!... Não souberam! rs

A partir daí foram dias e dias com revista de banca de jornal, teclas adesivadas, notas decoradas na cabeça (para não ter que olhar para o papel porque tinha que olhar para as teclas), tentando, e por vezes conseguindo, fazer alguma melodia sair (ao menos com a mão direita. Porque a esquerda, coitada... sempre dava nó - rs). Era assim e sempre com o teclado em cima de uma mesa, voltando para a caixa em seguida. Dava um trabaaaalho!

Muitos anos depois, resolvi fazer um curso livre de teclado na Biblioteca Estadual, lá no Centro (olha ele aí novamente), perto do campo de Sant'anna. Logo na primeira aula, deixei claro para a professora: "Minha mão esquerda não funciona! Não dá! Não consigo! Só toco com uma mão." Ela, sem entender nada: "Mas você tem algum problema? Algum tipo de deficiência? Sua mão parece normal." Ao que eu respondi: "Ela é normal. Sáo não consegue ir para um lado quando a direita vai para o outro". A professora riu e me garantiu que, com o tempo, isso seria resolvido e eu veria como elas conseguiriam se entender.

Assim comecei minhas aulas. E até que me saía bem. Todos os dias eram pelo menos 2 horas em casa. As teclas do meu teclado se livraram dos adesivos e eu não precisava mais decorar as notas porque minhas mãos aprenderam onde ficavam as teclas e meu olhos podiam ficar atentos à partitura.

Sim! Eu aprendi a ler partitura! Apesar de ter sonhado com a parte prática do curso enquanto fazia exercícios de teoria musical, achava o máximo conseguir entender aquelas linhas com os símbolos que antes não significavam nada para mim.

Durante esse tempo, meu tecladinho não voltou mais para a caixa, mas também não tinha um lugar adequado. Sua "estante" era minha escrivaninha e eu voltei a prometer um cantinho para ele, sem nunca cumprir com a promessa.

Chegou o fim do ano e eu toquei "Noite Feliz", com as duas mãos, no recital do curso. Aconteceu depois de alguns problemas que quase me fizeram desistir de tocar (mal tinha entrado direito no mundo da música e a sensibilidade de artista já tinha me dominado. Foi no melhor estilo "crise de artista" mesmo, com direito a lágrimas e tudo. Pura pressão psicológica somada à falta de autoconfiança. Mas vamos deixar isso para lá). Em seguida tive que abandonar o curso por conta dos estudos, que estavam exigindo muito de mim. O pobre tecladinho voltou para a caixa e de lá só saía quando a saudade apertava muito. Geralmente no Natal. Até que... nem no Natal saía mais.

Pois bem... Depois de muitos anos, resolvi que vou libertar novamente meu amigo e voltarei a encontrar com ele. Sei que minhas mãos vão levar um tempo para lembrar as posições das teclas, os caminhos das melodias e o andamento de cada música. Sei que minha mão esquerda novamente vai me dar um trabalhão para seguir caminho diferente do que direita seguir. Mas estou disposta a tentar. Quero voltar a sentir a melodia atravessar minha alma. Quero deixar meus ouvidos encontrarem as notas e a harmonia de cada música. Quero fazer a música na minha vida transcender de seu atual estágio acadêmico para o prático. Quero continuar estudando música pelo viés da teoria crítica da academia, mas também quero estudar as notas, os compassos, os ritmos, andamentos e tudo mais.

O tecladinho de 4 oitavas pode até dar lugar a um de 5 oitavas em breve. Tudo depende de mim. Do quanto vou me dedicar, de como vou conduzir essa decisão na minha vida. Se eu conseguir, de fato, caminhar com este propósito, posso até procurar um novo curso e avançar ainda mais. Agora não tenho como garantir nada, mas prometo que separarei alguns posts aqui para contar como andam as musicalidades.





Agora que já sabem um pouco dessa história...
Conto com a torcida de vocês!!! ;)