"Dias iguais / Azuis, vermelhos / Frios / dias sem paz / De espera..."
Sim! Foram muitos dias de espera até que chegasse 07/05/2011 e eu pudesse presenciar momentos mágicos e inesquecíveis. Deixei de ir para Saquarema porque tinha um compromisso muito importante no Rio, que eu já havia assumido meses antes. Estar dentro do Vivo Rio naquele dia e ver a Sandy no palco certamente seria especial, mas não podia imaginar o quanto. Tive uma semana tensa, internamente tensa. Foram dias de preocupação, dúvidas, incertezas...
Já no momento em que encontrei minhas amigas tudo foi ficando suave e divertido. As conversas renderam boas risadas e troca de novidades. Mas não parou por aí. No momento em que as cortinas se abriram e tudo começou, saí do mundo pesado em que me encontrava e me permiti voar leve e alto. Curti aquele show de uma forma tão diferente!!! Até agora não sei se foi ela ou eu. Algo foi muito transformador.
A primeira diferença estava no público. Ao que tudo indica ele está, finalmente, amadurecendo e nem por isso ficou menos apaixonado. Os fãs cantaram todas as músicas como sempre, mas finalmente sumiram os gritos histéricos, o "afobamento" e a falta de educação que costumavam acontecer nos tempos da dupla Sandy & Junior. Tirando o avanço final para a beira do palco, que não chegou a me irritar, o show inteiro foi bem tranquilo e absurdamente LINDO!
Sandy, definitivamente, está muito mais solta no palco. Cada vez mais segura, a cantora demonstra domínio sobre todo o show, entrosamento com os músicos, cumplicidade com a platéia e muito (muito) prazer em seu trabalho. Não me cansarei nunca de dizer que foi muuuito melhor que o da Turnê Manuscrito 2010 no Rio (estive nele também - 12/12/2010). E isso não quer dizer que o show do ano passado não tenha sido bom. Foi e muito! Mas neste ela conseguiu se superar.
Preciso destacar além da presença de palco, aquele que deve ter sido o momento mais emocionante do show. Quando Sandy não consegue conter as lágrimas e terminar uma estrofe da música "Dias Iguais". Fico tentando imaginar o que se passava na cabeça dela neste momento. Foi emocionante para todos que estavam lá. A platéia não fez por menos, cantou a estrofe ainda mais forte e aplaudiu de pé. É uma música que exige um bocado da voz e ela estava executando lindamente, assim como todas as outras músicas. Talvez tenha sido esse o motivo da emoção, ou mesmo a letra que falava de espera, ou ainda a participação especial (em vídeo) de Nerina Pallot (cantora estrangeira que Sandy admira e aceitou o dueto com uma música composta pela brasileira), apenas ela sabe dizer o que causou tamanha emoção, mas uma coisa é certa: todos se emocionaram com ela e continuam revivendo a emoção através dos vídeos que registraram o momento e podem ser vistos na internet, como o que posto abaixo:
Aproveito o vídeo para destacar também o cuidado com a produção deste show. Cenário, projeções e iluminação eram lindíssimos. Talvez por estar melhor localizada na platéia (eu estava sentada em uma mesa central e não muito longe do palco) tive a oportunidade de observar melhor esses detalhes. Destaco, mais uma vez a iluminação! Estava muito bem elaborada. As cores, os movimentos, os jogos de luz. Tudo belo! Ponto também para as projeções, com destaque para o clipe da música "Ela/Ele" e para as projeções das câmeras que filmavam os instrumentos de perto, especialmente a do teclado que nos permitia ver as mãos da cantora-pianista. =)
Sobre a setlist, vale comentar a ótima escolha de manter focada no álbum Manuscrito com algumas canções de outros artistas e uma breve memória aos tempos da dupla com Junior. Ótimas escolhas que caíram fácil no gosto do público. Afinal, se a proposta é trabalhar uma via mais autoral, estruturar uma identidade diferente da que existe, formar uma nova imagem... Nada melhor do que começar deixando essas mudanças bem claras. Na minha opinião eles conseguiram.
Apenas uma coisa me causou, digamos, uma certa angústia... Sandy passou boa parte do show preocupada com o retorno. Por diversas vezes levou as mãos aos ouvidos para ajustar o aparelhinho ou sinalizar que algo não estava como queria. Quem conhece um pouco a artista sabe que uma de suas características mais marcantes é o perfeccionismo. Tenho observado que ultimamente a preocupação com o retorno tem sido constante. Nas últimas entrevistas e apresentações que vi pude perceber as várias vezes que leva a mão ao ouvido e constantemente se ocupa do aparelhinho. Entendo sua preocupação em ouvir o que está cantando e ter certeza que sua voz está saindo como deve, porém é preciso ter cuidado para que isso não se torne uma mania, um "tique nervoso".
Para minha alegria acredito que terei uma nova oportunidade de reparar nesses e em outros detalhes. Já garanti meus ingressos para o especial "Childhood" no Theatro Municipal do Rio de Janeiro que contará com diversos artistas, dentre eles, segundo soube, a Sandy. Entrar naquele que gosto de chamar de "meu" Theatro já é motivo suficiente para ir e com as pessoas que vão se apresentar lá, então, mais ainda. Vamos ver quantas vezes nossa amiga vai checar o retorno. rsrs
E não posso terminar este post gigante (rs) sem fazer apenas mais uma consideração: é maldade ainda estigmatizarem a Sandy. Não estou falando de quem não gosta do som que ela faz. Cada um tem seu gosto e, até aí, tudo bem. Mas insistirem em diminuir a qualidade do que ela faz é uma grande injustiça. Capacidade vocal ela tem, e muita, isso já está mais do que provado. É o seu tipo de música e tem demonstrado capacidade para seguir sua carreira pelos caminhos que acredita serem melhores. Acho triste perceber o preconceito que ainda existe sobre a imagem que foi criada em torno dela. Se surgisse agora, com o som que faz, com a produção que tem e tudo mais, certamente seria vista com melhores olhos por muitos que insistem em criticá-la.
Estas foram as minhas impressões sobre uma noite de sábado, um show, um momento eternizado em minha memória, nas fotos que tirei e na "virada" que deu em minha semana. Não vejo a hora de viver aquela sensação novamente (se é que ela já saiu de mim, porque não consigo parar de reviver aquela alegria).